Tuesday, May 29, 2018

GRANDE ENTREVISTA - O Bruxo do Techno



De visita à antiga, mui nobre, sempre leal e invicta cidade do Porto, tivemos oportunidade de visitar o Gare, um dos pontos incontornáveis da noite da cidade, e que contava numa bela sexta feira, com uma technada à maneira antiga. Temudo e Bas Mooy deram bem conta do recado, e conseguimos - sem margem para dúvida - tirar o pó do esqueleto (salvo seja) e repôr os níveis de techno.

À margem dos sonoros acontecimentos, tivemos também oportunidade de conversar com uma mística e enigmática figura da cidade, conhecido como o Bruxo do Techno. Quisémos entrevistá-lo, o que acabou por acontecer, e regressamos assim a uma das nossas rubricas, a famosa grande entrevista.

Entrevistador: Boa noite, obrigado por nos receber, em primeiro lugar, porquê Bruxo do Techno?

Bruxo do Techno: Pergunta clássica, simples de responder. Tendo em conta o número industrial de DJs de techno que existem, cada vez mais, seleccionar aqueles que realmente são techno - se é que percebes o que eu quero dizer - é mais difícil. Como durante muitos anos, não falho um único lineup, dizem-me que tenho um dedo que adivinha. Daí ao Bruxo do Techno foi um instante.

Entrevistador: Qual é a tua opinião sobre a scene neste momento?

Bruxo do Techno: Mixed feelings. Por um lado, fazem-se festas com fartura e diria que a maior parte com alguma qualidade. Por outro, os DJs ainda não vêem o nosso país como Barcelona, Londres ou Amsterdão. Vais a um festival numa dessas cidades e vês que os DJs se mandam para fora de pé. Não brincam em serviço. Aqui podes tomar como exemplo, o Kobosil a tocar Da Hool - Meet her at the Loveparade num festival e consegue sair do espaço sem levar com um tomate ou coisa que o valha. Noutra cidade europeia, não passava.

Entrevistador: Relativamente à ideia de Viana do Castelo ser a capital do techno. Parece-te bem?

Bruxo do Techno: Parece-me fantástico, na verdade. Existe ali um bom trabalho entre o evento propriamente dito e a população e negócio locais. E digo-te já, enquanto bruxo, antevejo ainda grandes desenvolvimentos entre o Neopop e Viana do Castelo.

Entrevistador: Parece que hoje em dia, existe alguma confusão sobre o que é techno e o que não é techno. Consegues trazer alguma luz à matéria?

Bruxo do Techno: Tema de fácil compreensão aparentemente difícil. À medida que o tempo passa, os conceitos vão sofrendo alterações. Passa-se isto com a língua, com os costumes, diria mesmo, com tudo o que nos rodeia. O techno não é diferente. Com a digitalização da scene, inevitavelmente assistimos a conceitos distorcidos e a techno que não é techno. Cabe a cada um valorizar aquilo que gosta de ouvir. Sem fundamentalismos.

Entrevistador: O que dizer sobre fenómenos como o DJ Marshmello?

Bruxo do Techno: É uma cena freak. Mandas tortas ao público e ficas rico. Este meteu um abat jour na cabeça e vende também. Marketing fudido.

Entrevistador: Sobre o consumo de drogas na scene, como vês a coisa?

Bruxo do Techno: Dantes tudo batia mais.

Entrevistador: Por último, previsão da scene para os próximos cinco anos?

Bruxo do Techno: Mais do mesmo. DJs com a mania que são a Carmen Dolores, promotores que se julgam o próximo Onassis e a continuação da degradação em termos salariais do bedroom DJ.

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