Thursday, March 20, 2014

A não saída

Uma bela sexta-feira à noite, o Almirante Cascavel, decidiu ficar em casa (!!!). Como tal, sábado de manhã acordou fresquinho e decidiu ir dar um passeio por Lisboa. Deparou-se com uma realidade diferente daquela a que está habituado e registou assim, de forma quase científica, esse belo sábado:

-         - Um número substancial de pessoas caminha pela rua ao sábado de manhã, aparentando terem dormido a noite toda
-        -  Apresentam um ar saudável e interagem uns com os outros de forma relaxada
-        -  Um número igualmente grande de pessoas opta pela leitura; parece que existem publicações que resumem tudo o que de significativo se passou durante a semana; decidi comprar uma, verificando no momento, que o peso dessas publicações equivale, a mais ou menos, meia caixa de Skip
-         - Noutro local, verifiquei que existem espaços – muito populares também – onde se vende peixe, fruta, flores e artigos relacionados, com um alto índice de frescura; indagando junto de um comerciante o motivo da popularidade destes espaços, foi-me explicado que muitas pessoas preparam um almoço especial ao fim-de-semana. Fiquei absorto na ideia de alguém almoçar ao fim-de-semana
-         - Pela tarde, dirige-me a outro local bastante em voga: um centro comercial. Para além de ver milhares de pessoas a comer como se não houvesse amanhã, reparei ainda numa versão mal amanhada de after de after em algumas lojas de roupa/calçado, onde a música electrónica de mau gosto impera. Ainda assim, consegui dar um passo de dança com uma das funcionárias
-         - Dentro destes centros comerciais, existem ainda, grandes salas com imensas cadeiras onde podem ser visionados filmes com cerca de duas horas. Lembrei-me imediatamente das ‘dark rooms’ do Berghain; questionando um casal que encontrei na entrada de uma dessas salas, explicaram-me que o conceito não é tão abrangente, ou seja, normalmente não envolve sexo propriamente dito, mas é utilizado em muitos casos para dar uns beijinhos (logo vi)
-         - Antes de sair do centro comercial, vi um senhor com um turbante a cozinhar e um número considerável de pessoas ouvindo o seu discurso com atenção (o sotaque era peculiar); pelos vistos, a cozinha é um tema de facto popular aos fins-de-semana
-         - Perto do rio, fiquei abismado com o autêntico ginásio a céu aberto que esta zona da cidade proporciona; penso inclusive, ter visto um rapaz parecido com um cyborg: contei pelo menos 6 gadgets visíveis. Interpelei-o, indagando-o sobre tal parafernália, respondendo ele que as próprias sapatilhas emitiam informação para o seu telemóvel, informação essa que posteriormente ia para a “Cloud” (?!) e depois para as redes sociais. “Do Tejo para o Facebook” foi o slogan que me ocorreu no momento
-         - Atordoado com todas estas novidades, fui para casa ler o tal semanário, onde verifiquei que o mundo continua absorvido numa imensa perplexidade. Parei a meio, na medida em que já estava a ficar deprimido. Liguei a televisão e reparei que na maior parte dos filmes disponíveis ao fim-de-semana, os animais têm a capacidade de falar e dar uma espécie de lição de moral no fim do filme. Era como se tivesse ido a uma missa de forma encapotada
-         - Depois de toda esta aventura, alterei os meus planos (ficar em casa de novo) e fui sair à noite. Se os sábados são assim, imagino os domingos!


No comments:

Post a Comment