Monday, July 11, 2016

Pixel 82 b2b Nuno di Rosso + Gusta-vo + Simian Mobile Disco + Josh Wink @ Brunch Electronik Lisboa



Lisboa acordava quente. Ansiosa. Respirava um nervoso miudinho enquanto o sol ia distraindo os mais incautos.

Na Tapada da Ajuda, um domingo prazeroso esperava por veraneantes. Aventureiros e irrequietos, sonhadores e arquitectos, cores e ventanias. E mamados também, claro. Daqueles como se costuma dizer, "que estão desde sexta".

Mas o dia era especial. Ainda não sabíamos todos o quanto especial seria, mas estava lá à nossa espera, como sempre está, de resto.

E sendo especial, aquele sol que de tão quente ser nos amolece, brilhava. E nesse domingo ia ser para todos.

Almirante Cascavel e Loverdose dirigiam-se de forma lenta e demorada para o recinto, cumprimentando pelo caminho os habitués, qual casal techno-socialite da Reboleira. Tomados os Somersby's da moda e feitos os moves de dança nova iorquinos, chegava a hora da bola.

Portugal ia defrontar a França na sua casa e convenhamos, não era o favorito. Nem os especialistas, nem as casas de apostas, nem os franceses, nem a vizinha da minha avó (sempre muito crítica, desde o Eusébio em 66') acreditavam no nosso sucesso.

Mas a coisa lá foi indo. Aos poucos, devagarinho, como as formiguinhas a levarem comida para casa. Ao mesmo tempo, Josh Wink debitava a sua habitual pirotecnia de ofuscantes basslines, ritmadas e vivas quebras, fortes e quentes passagens.

Almirante já não sabia bem para que lado se virar. Ora dançava, ora se assustava com mais um ataque francês. Sentava-se, levantava-se, ia ao WC, suspirava, virava a cara à televisão. E depois dançava de novo. Vai pra'qui uma açorda, pensou ao intervalo.

109 minutos. Aquele fatídico minuto em que Éder gelou Paris e fez regressar àquela inesquecível noite, o sol que mais cedo nos tinha feito dançar e dançar. Os saltos de Almirante levaram-no euforicamente até ao palco onde Josh Wink tocava e que para ele olhou, divertido e equivocado. Gusta-vo subiu também ao palco explicando a Wink que Éder - oh Éder - havia feito história. Daquela mesmo a sério, como quando nos metíamos em barcos e enchíamos os cofres da pátria.

A música parou por uns segundos. Josh Wink levantou o cachecol que usou ao pescoço durante todo o set, celebrando com Portugal, o feito digno de registo.

Logo de seguida, qual Professor Chibanga dos States, e uns cinco minutos antes do jogo terminar, Wink passa a intemporal música de Freddy Mercury, We Are The Champions (DJ que é DJ tem esta malha no PC para qualquer eventualidade).

"Agora temos mesmo que ganhar, já deu o We Are The Champions, fudeu.." pensou o Almirante.

E pensou bem.

Fomos campeões com as letras todas. E por um momento, Paris foi nossa.

<3


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