Thursday, January 30, 2014

A Origem

Como calculam todos e porque não somos (nem pouco, mais ou menos) criativas criaturas, o nome do blog de algum sítio teve que vir. Remonta a história a um longíquo dia de Setembro.

 Em primeiro lugar, e para os leitores mais calmos, vamos então explicar no que é que consiste, um after do after. O after do after é um conceito relativamente recente para a humanidade: está principalmente associado à música eletrónica e serve basicamente para todos os que não ficaram satisfeitos com o after por algum motivo, terem uma nova oportunidade para se redimirem. É como aquela bola extra do totoloto, ou seja, existe, mas nunca conhecemos ninguém que tivesse ganho o prémio com aquilo. Este blog desaconselha vivamente os seus leitores a frequenterem tais locais e se o fizerem, estão por vossa conta e risco.

De qualquer forma, naquele mítico dia, o perigosíssimo Iglesias do Techno e o chefe de operações Almirante Cascavel tinham-se deslocado a um after. Findo o período de festividades desse evento, foram convidados para fazer parte de um tal after do after na casa de uma senhora a que vamos chamar de Bo Derek (sim, entrevista para breve, não tem sido fácil por motivos de agenda, falar com a sedutora personagem).

O Almirante Cascavel e o Iglesias do Techno têm uma particularidade que vamos agora revelar: possuem ambos, uma dificuldade imensa em fazer-se deslocar pelos seus próprios meios até determinada morada, sem demorarem pelo menos, duas horas a lá chegar. Mesmo que essa distância sejam apenas de 10km. Relembramos a propósito deste curioso facto, uma viagem destas duas peças, do SuperBock SuperRock no Meco até Lisboa, que durou sensivelmente três horas e que incluiu a visita a várias zonas industriais de Palmela e na qual conseguiram inclusivé, circular com o veículo ao lado da A2 (sim, aqueles caminhos de terra batida onde também passam tratores e que se conseguem ver a partir da estrada principal). Voltando atrás, tendo ficado o convite feito, “Sim, sim, já lá passamos”. Começa a negociação entre os dois:

Almirante: Como é que é, vamos lá?
Iglesias: Não sei.. já é um bocado tarde.
Almirante: Pa ya.. mas olha, perdido por um..
Iglesias: Não sei..
Almirante: Vamos só lá beber um copo.
Iglesias: Andamos só a beber um copo desde a uma da manhã.
Almirante: Sabes onde é a casa?
Iglesias: Já lá fui uma vez, mas já sabes como é que é.
Almirante: Ui..

Lá foram. Apesar de ser domingo e a hora ser tardia, ambos acharam estranho o movimento nas ruas ser tão significativo. O Almirante Cascavel lá se lembrou que era dia de eleições autárquicas. Ao mesmo tempo e quando regressou daquele pensamento, reparou que o Iglesias do Techno praticava uma condução um tanto ou quanto intempestiva, numa rua de Lisboa onde os peões abundavam.

Almirante: Xavalo, anda lá mais devagar, que isto matar um velhote em dia de eleições.. Imagina o trabalhinho.
Iglesias: Sim, seria complicado. Para além de homícidio, podíamos ser acusados de obstrução ao voto.

Enfim.

Corrigida a condução mais agressiva, a sina cumpriu-se e demoraram duas horas a percorrer um caminho semelhante ao que a Dona Maria do Céu leva da sua casa até à padaria mais próxima. Nem tinha piada se fosse de outra forma. Chegados ao after do after, o público compunha-se então, por um conhecido DJ da praça, a estonteante Bo Derek, a sua inseparável e não menos intensa amiga Killer Shadow (mais uma personagem), o distinto Almirante Cascavel e o Iglesias do Techno no seu conhecido registo de Faca Afiada. O espaço era interessante e qual surpresa, para além de comida, cigarros e bebida suficientes para alimentar um regimento, a casa tinha um sistema de som que deixava a segunda pista do Berghain a um canto. Enquanto a Killer Shadow e o conhecido DJ se entretiam com experiências auditivas que tinham sido chão que deu uvas, sempre solícito, o grandioso Iglesias do Techno tentou colocar o complexo sistema de som a funcionar.

Vinte minutos volvidos, ainda não havia som. Questionado sobre o possível problema, o Iglesias murmurou alguns termos técnicos o que levou o conhecido DJ a puxar dos galardões e a intervir. Outros vinte minutos depois e agora com dois DJ’s a tentar colocar o som a funcionar, adivinhem lá: ainda não havia som. A dada altura e no auge daquilo que já foi considerado um setup do inferno, já não se conseguia distinguir bem o portátil e restante parafernália tecnológica daquilo que eram as alegadas pernas, mãos e braços dos intervenientes.

Nisto tinham-se passado cerca de hora e meia e música, nada. Vencidos pelo cansaço ambos os DJ’s chegaram a uma académica conclusão: falta um cabo.

No momento seguinte, Bo Derek, do alto do seu irresistível charme, coloca as duas mãos nos ombros do Almirante Cascavel. Segurando na cintura de Bo Derek, pensou o Almirante Cascavel, “Vá lá, não há som, mas pelo menos temos festa”. Enganou-se. Com um ar muito sério e aproximando os seus lábios do ouvido do Almirante Cascavel, Bo Derek suspirou baixinho: “Beaten.. by Cables”.

(Baseado em factos verídicos)   


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