Tuesday, April 29, 2014

A Revolução Clubber



Lisboa preparava-se para celebrar mais um ano em liberdade. Caminhos cortados, intermitentes luzes azuis e virtuais manobras militares, enchiam a cidade de atalhos pitorescos e ruas nunca dantes percorridas.

Um dia antes, o Almirante Cascavel discutia com o Conde de Forrobodó a possibilidade de fazer um hat-trick. Um pouco à semelhança dos fenómenos astrais - acontecimentos raros portanto - o hat-trick na gíria clubística, designa o processo através do qual, o clubber aproveita o facto de ser feriado a uma sexta, para sair três noites seguidas (quinta, sexta e sábado).

O Almirante Cascavel ficou na dúvida, ainda assim, a ideia ficou a ecoar no pensamento. Não mais de cinco minutos. Pensou então para si mesmo: vou fazer uma revolução clubber. Vamos assim descrever, como é que essa revolução decorreu, ao longo de três apoteóticos dias:

QUINTA-FEIRA 24/04
19:00 – Almirante Cascavel dirige-se até um apartamento na zona de Campo Ourique com o objectivo de beber um gin
21:30 – Acabou por beber quatro gins e ficar para jantar; juntaram-se mais alguns convivas à paródia. Houve tempo para escrever dois poemas e o Benfica vencer a Juventus em casa
23:00 – A animação não ficou por ali; começam a ser colocadas as primeiras músicas associadas à revolução clubber em curso e o site www.youtube.com é tomado de assalto
02:10 – Iglesias do Techno junta-se à comitiva
03:00 – Os primeiros elementos da revolução clubber em curso dão entrada no club Ministerium; à entrada fica estabelecido que quem quer fazer parte da revolução deve trocar um beijo na boca entre si. Um origami é entregue a um dos elementos da organização da festa, cujo nome de código era CONNEKT
07:10 - Depois de ouvir os DJ’s Gregor Tresher e Lewis Fautzi, a primeira das operações associadas à revolução clubber é considerada um sucesso absoluto. Qualidade musical surpreendente e é lançada a primeira pedra (lançamento literal) para uma nova forma de fazer chegar o Techno às diferentes franjas da sociedade
07:35 – Chegada dos elementos da revolução clubber ao Europa Sunrise
08:40 – Almirante Cascavel tira uma nota do bolso. Era de 1 dólar (?!)
09:15 – Iglesias do Techno encontra-se à porta do Europa Sunrise, de vodka laranja na mão, a efectuar uma reserva para um quarto duplo no médio Oriente, na língua inglesa. No processo é-lhe também solicitado o número do cartão de crédito e outros detalhes. Segundo apurámos, também essa operação foi concluída com sucesso
11:00 – Tempo para reunir de novo as tropas em casa da personagem Chanelle (está bem escrito, é mesmo Chanelle); importantes informações foram prestadas por esta personagem: a forma correcta de pronunciar Chocapic é na verdade Chokipic. Deve dizer-se “Conheces ele?” em lugar de “Conhece-lo?” e que qualquer teste de veracidade relativamente à genuinidade de uma marca de roupa, pode ser feito com um simples isqueiro; se o artigo em causa não começar a arder no espaço de cinco segundos, é porque é verdadeiro
14:25 – Personagem Super After define como música oficial da revolução clubber o tema Locomotion da artista Kylie Minogue; para o efeito, é desenhada de forma primordial, uma coreografia inimaginável em que três movimentos superiores com as mãos, culminam com um arrebatador movimento de cintura
16:30 – As tropas decidem dirigir-se até à festa com o nome de código Salão Elétrico

SEXTA – FEIRA 25/04
17:10 – Depois de uma atribulada viagem de táxi, um dos elementos é detido à porta da festa com uma bebida não autorizada pelos elementos anti-revolução. Depois de um pequeno esclarecimento, a entrada na festa é autorizada
19:00 – A dupla Iron&Garzia celebra o seu aniversário em plena comemoração revolucionária e brinda os presentes com um set à altura
21:45 – Almirante Cascavel começa a sentir os benéficos efeitos dos shots eléctricos e declara os últimos, como bebida oficial da revolução clubber
23:55 – O Lobo de Wall Street termina o seu set com uma das músicas da revolução original provocando um arrepio generalizado na população presente
00:40 – Chegada ao bar com o nome de código Bairrazza; baldes de cerveja são vendidos a 2 euros
01:50 – Chegada ao bar com o nome de código Liverpool; é simulado dentro desse bar o ambiente de um bar do fim dos anos 80, onde solitários homens de meia-idade batem com as mãos na mesa onde se sentam, tentando simular uma aparente sincronia com a música vigente
02:40 – Chegada ao bar com o nome de código Europa Cais Sodré; uma festa com o nome Revolusom decorria com Rita Zukt e Miguel Torga aos comandos da cabine. Foram avistados vários clubbers locais, a família Adams e um elemento estrangeiro tentando aprender a língua portuguesa
04:20 – Chegada ao club com o nome de código Lux; ouvidos cinco discos da célebre Anja Schneider, Ray Okpara brindou os presentes com apenas uma música nova. Foi declarada a sua expulsão imediata do país pela revolução clubber
08:00 – Chegada ao quartel-general da revolução clubber para efeitos de descanso

SÁBADO – 26/04
23:00 – Nova concentração no Terreiro do Paço para avaliar os efeitos práticos que a revolução clubber teve no país; é ingerido um whisky novo para o efeito
23:45 – Almirante Cascavel tira uma fotografia junto de uma chaimite original
00:45 – Por motivos de força maior, não podem ser aqui descritos os acontecimentos que decorreram nesta hora; adiantamos apenas que ficaram também lançadas as bases para que uma revolução de natureza amorosa possa eventualmente se desenrolar, na vida do Almirante Cascavel (este dado carece de validação)
03:30 – Chegada ao club com o nome de código Lux
04:00 – Os motivos de força maior relatados às 00:45 deste dia voltam a surpreender o Almirante Cascavel
07:00 – Lisboa dorme. Hat-trick completo e propósitos da revolução cumpridos de forma exemplar

Parece fácil. Mas não é.

PS: Mais um fim-de-semana! Desta feita começa já amanhã, Quarta-Feira, com Steve Bug, Audiofly, Jiggy e Gilvaia distribuídos pelas diferentes pistas do Main. Sexta-Feira, o Lux recebe Pachanga Boys e o Ministerium não fazendo a coisa por menos, acolhe Solomun. Sábado, a Musikall convida Simon Baker, Anthea e Mac Adhu para uma bela tarde num dos melhores spots de Lisboa, o deck do Myriad Hotel.

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Tuesday, April 22, 2014

1ª Festa MUTE @ Le Chat



Hoje inauguramos um novo formato de Party Report. Desta feita, será contado na primeira pessoa e por um elemento que faz parte do blog, mas que nem sempre, tem o devido destaque: Rashid do Deserto. Relembramos para quem não sabe, que Rashid do Deserto, é a peça que define em termos estratégicos, a forma como se desenrolam as operações no terreno, ditando assim, o sucesso e/ou insucesso de cada investida.

Leiam então a aventura do Rashid, no dia em que a Mute fez a sua primeira festa, no simpático Le Chat:

“Acordei mal amanhado. Tinha sonhado que era feriado e ia trabalhar. Felizmente, não passou de um pequeno susto. Era de facto feriado e não ia trabalhar. Tinha tirado um frango do campo do congelador na noite anterior. Combinei almoçar com o Almirante nesse dia. Como já sei o que é que a casa gasta, antes de me ir pôr a fazer o frango, liguei-lhe antes. Já tinha uma chamada não atendida do menino. Tipo, onze da manhã. Ligo-lhe de volta, conta-me uma grande história (what else?): que foi sair à noite, depois foi não sei onde, foi parar à casa não sei de quem, jogou três cartões de bingo no Panda, comeu um croissant de manteiga, um bolo na Praça do Chile, conheceu uma iraniana, comprou uma t-shirt a dizer “I Love Jamaica” e por aí fora.

As aventuras do Almirante, portanto. Conclusão da história: mais uma vez combinou almoço comigo antes de uma matiné, aparecer que é bom, temos pena. De qualquer forma e como gosto de ir bem apetrechado para estas coisas, não fiz a coisa por menos: limpei o frango do campo e uma garrafa de tinto. Pus-me a caminho.

Chegado ao recinto lá estava o Almirante nas suas movimentações habituais. Para ele não ter a mania que é esperto, parti-o logo todo: apareci-lhe com um cigarro electrónico. Ficou abismado. Parecia ele que estava perante a grande invenção do século XXI. A primeira pergunta que fez foi: é legal? Esclarecido que ficou sobre a matéria, deixei-o a chupar o cigarro e fui dar a minha volta. Em primeiro lugar, aquele Le Chat, de “chat” não tem nada. Vista brutal e com o solzinho que se pôs naquela tarde, melhor só mesmo na farmácia. Quando olho de novo para o recinto vejo o Iglesias a meter som.

Aproximo-me um pouco e deparo-me com uma frontline Winter Music Conference style. Desculpem lá a expressão, mas fazendo a analogia com o mundo automóvel, não havia ali nada, de Série 3 para baixo. Citando o General Wireless: “Sigura-te à borracha!” Tal foi a minha distracção com aquele “parque automóvel”, que de repente, já não sabia do telemóvel. Peço o do Almirante emprestado para ligar para o meu, grupo. Desligado. Trabalhinho a uma hora daquelas. Começo a andar, vejo uma bateria no chão. Uns metros à frente, o resto do telemóvel. Imaculado. Uma rapariga olha para mim e diz: “Tiveste sorte.” Larguei-lhe grande dica cinematográfica: “Às sextas, normalmente a sorte não me falha” ao que ela respondeu, “Combinamos para sábado nesse caso.”

Reparei também na grande popularidade que a fruta proporcionou junto da mesa do DJ, em particular, os morangos que desapareceram num ápice! Ah, o ananás também! Pareciam castanhas em dia de São Martinho.

Notas finais:

- as porteiras, cujo nomes desconheço, dão 10-0 a 85% da população feminina nocturna que conheço

- o tal Iglesias do Techno, partiu mesmo a loiça toda (opinião unânime recolhida no Estado Líquido, no Lux e no Europa)

-  cuidado com o que colocam nas bebidas, não me lembro de uma parte substancial da noite

- façam como eu e comam um frango do campo antes de irem para as matinés, não tive fome a tarde/noite toda"

PS: No próximo fim-de-semana, que será também mais longo, têm muito com que se entreter, a saber:

- Quinta-Feira a Connekt faz a sua 1ª festa no Ministerium convidando para a efeméride, Gregor Tresher
- Sexta-Feira celebram-se 40 anos em liberdade para os lados de Alcântara, com mais um Salão Elétrico no Faktory
- Sábado, o mesmo Faktory recebe na cabine, DJ Vibe, Magazino e Ari

Não se percam!

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Wednesday, April 16, 2014

Sven Vath @ Lux 2014



Antes de iniciar o party report propriamente dito, é impressão nossa, ou Lisboa nos últimos meses – no que diz respeito à música electrónica – vive tempos inigualáveis? Cremos que sim e ainda bem que andamos cá para contar a história.

Para não variar e contra todos os procedimentos recomendados, o Almirante Cascavel havia iniciado actividades de guerrilha, um dia antes. Saiu – como sempre – só para beber um copo.
Aproveitamos para introduzir desde já, mais um conceito ao universo clubber/raver. Vamos designá-lo por DASSE (dissonância antropomórfica sobre saídas eclécticas): acontece sempre que o clubber sai de casa só para beber um copo, mas pelo sim, pelo não, leva consigo o carregador do telemóvel no bolso, para o caso de permanecer demasiado tempo fora de casa. A esta incongruência mental, chamaremos então, DASSE.

Cumpridos os intentos da primeira noite (com Maya Jane Coles no Lux), a segunda noite iniciou-se para os lados de Benfica, onde se recebeu com a devida pompa e circunstância, a chegada de um jovem que anda lá fora a lutar pela vida (assim diz ele pelo menos). Sem saber bem como, o Almirante Cascavel saiu da casa em Benfica com cerca de dez pessoas e chegou ao Lux sozinho. Business as usual. No Lux claro está, encontrou meia Lisboa. E parte do Porto já agora. Não é todos os dias que o papa Sven se desloca ao nosso belo país, justificando-se assim, a multiplicidade de aves raras encontradas no recinto.

Uma dessas aves raras abordou o assombroso Iglesias do Techno com uma dúvida existencial:

Ave rara: Eh pa.. ela.. tira-me do sério..
Iglesias: Dá-lhe gás! Estás à espera do quê?
Ave rara: Não sei..
Iglesias: Não sabes o quê? Se gostas dela?
Ave rara: Gostar, gosto, mas…
Iglesias: Então 50% já está feito!
Ave rara: Como assim?
Iglesias: Já só falta ela querer! (os outros 50%) E despacha-te que não tarda muito gosto eu dela também. Não te esqueças amigo: “Camarão que dorme.. a onda leva!”

Não sabemos se a ave em questão cumpriu a missão, mas é sempre de louvar o pragmatismo Iglesiano nestas matérias. Pragmatismo esse, que foi aplicado pelo Iglesias junto de uma jovem, que claramente, não sabia onde se estava a meter. Depois de uma hipnótica dança com o Iglesias, este reparou que afinal de contas, a jovem em questão tinha namorado. Um pouco confuso com a situação, concluiu para si próprio: “Atrás está ocupado, mas à frente ainda cabe gente”. Iglesias, um marco na interacção com o género feminino e nas sábias conclusões filosóficas que o caracterizam.

Depois do papa Sven partir o Lux ao meio, as hostilidades continuaram no Europa onde se cruzaram as diferentes tribos locais e onde houve ainda tempo para o Almirante Cascavel, salvar – in extremis! – um amigo de ser expulso do dito espaço, por ter de forma inadvertida, entrado no WC das meninas e por ter sido extraordinariamente difícil, convencer o segurança que por ali passava, que de facto foi um mero engano e não outra coisa qualquer (supomos que o olhar vítreo e distante da pessoa em causa não ajudaram muito).

O remate final de sábado (sim, já estamos em sábado à noite neste ponto), veio de um interessante olhar, que o Almirante Cascavel de forma inesperada, acabou por conhecer (vamos chamar esta nova personagem de Dazzling Shades): “Se meto isso, tenho medo de adormecer”. Não, não era um soporífero. Pelo contrário.

Uma nota rápida para o nosso General Wireless: ficam os fãs desta personagem a saber, que nas últimas semanas, o nosso General introduziu nas suas tardes de sábado e domingo um novo conceito. Designa-se por “After Emergency Call”. Idêntico ao “Booty Call” que ocorre normalmente durante a semana pela noite, esta variante sucede normalmente entre as 13 e as 14h de sábado e visa uma jovem que esteja disposta a praticar o amor com o General, depois de uma noite/manhã/tarde de dança. General Wireless, sempre a inovar, em nome da interacção sexual.

Na próxima Sexta-Feira (que de santa tem pouca), múltiplos programas à disposição do clubber, a saber:

- 1ª festa da Mute (LX Music) no Le Chat com Marco Resmann e o talentoso Iglesias del Techno!!!
- Festa da bloop no Algarve na antiga Locomia (Le Club)
- Robert Hood pela noite, na sala de estar do blog (Lux)

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Wednesday, April 9, 2014

Aniversário Jiggy - Zero



A noite prometia. Celebravam-se os 41 anos de idade, de um marco da música electrónica em Portugal. Numa pesquisa no Google, o primeiro resultado para a palavra Jiggy é uma descrição do adjectivo na língua inglesa, que indica então, “uninhibited, especially in a sexual manner”. Sem terem combinado previamente, nessa mesma noite, os caminhos do Almirante Cascavel, General Wireless, Iglesias do Techno e Rashid do Deserto iam cruzar-se de forma significativa.

Começou tudo com uma ida do Almirante Cascavel e do Rashid do Deserto a uma conhecida casa de divertimento nocturno, que se caracterizava por ter uma decoração com vários sofás de tom vermelho, varões em inox e sumptuosas jovens que faziam subitamente, aumentar a temperatura na sala. Alguns whiskies depois, decidiram seguir viagem até ao Zero. A meio do caminho houve ainda tempo, para o Rashid do Deserto ter reparado que não tinha o telemóvel (implicou um regresso à casa de divertimento anteriormente citada) e que o veículo em que se deslocavam tinha um qualquer problema no sistema de refrigeração. Lá conseguiram chegar ao Zero!

Aquando da sua chegada ao Zero, o Iglesias do Techno, teve uma conversa interessante à entrada, com três indecisos cavalheiros:

Três indecisos: Boa noite amigo! Desculpe lá, posso fazer uma pergunta?
Iglesias: Sim, claro.
Três indecisos: Isto aqui é a entrada para a discoteca?
Iglesias: É, sim.
Três indecisos: Mas isto é que é o Main?
Iglesias: Não, isto é a entrada para o Zero.
Três indecisos: Ah, mas não é a mesma coisa?
Iglesias: Não,...aqui é o aniversário do Jiggy  ali...ali é o Main...
Três indecisos: Bliggy? Ah, já sei.. isso é música ao vivo não é?
Iglesias: Bom.. Em certa medida, pode dizer-se que sim.
Três indecisos: Pois, eu acho que já vi isso uma vez em Loures.
Iglesias: Pois...vai na volta...
Três indecisos. Ok

Depois desta peripécia e com alguns minutos de distância, os quatro elementos do blog encontraram-se dentro do Zero. Nota de rodapé para o Almirante Cascavel que desta vez e depois de já se terem cruzado oito vezes, reconheceu à primeira, o bonito sorriso que verificava a guestlist (não só nesta festa, mas também noutros eventos) e que vamos então chamar a partir de agora de Smiling Key (mais uma personagem).

A festa então! Ambiente extraordinariamente animado, muitas caras conhecidas, qualidade musical absolutamente envolvente e progressivamente arrebatadora – que o homem melhora com a idade já não é novidade para ninguém – e ainda (e isto sim, é eventualmente o pormenor da noite) um fenómeno assinalável e que nem sempre se verifica, que vamos designar por “Global Dancefloor Kissing Mania”.

Este fenómeno verifica-se, a partir do momento em que mais de 70% das pessoas que compõem o frontline, trocam beijos na boca entre si. Não vamos entrar em grandes detalhes, adiantamos apenas, que segundo os cálculos do General Wireless, nesta festa, o valor atingiu os 86 pontos percentuais. Assinalável, de facto. Há que ter em conta que decorriam dois aniversários nesse espaço, sendo que, sentimentos como o afecto, a amizade e naturalmente alguma atracção de natureza física, invadiram o local com alguma profusão.
Outro nota de rodapé, para o DJ Sony Vaio, que manteve de forma absoluta, civilizada e cordial, as diferentes movimentações dentro da cabine.

Terminada a noite no Zero, houve ainda tempo para o Almirante Cascavel, conhecer de forma mais detalhada, uma personagem, que já era sua conhecida, mas que nesta noite, conseguiu aprofundar (no melhor dos sentidos): a Careless Jeans. Esta personagem caracteriza-se, por se apresentar de forma descontraída no que diz respeito à sua indumentária (segundo ela, independentemente das calças que leve vestidas, o nível de impacto é sempre o mesmo; o Almirante Cascavel confirma este dado). Ela e o Almirante Cascavel fizeram o famoso “morning 24 July city tour” que decorre como sabem, sensivelmente entre as 10h00 e as 12h30 e que compreende o seguinte roteiro:

- Procurar um local que venda tabaco (ao domingo está tudo fechado na zona)

- Procurar um local que venda cerveja (ao domingo está tudo fechado na zona)

- Ir a um espaço de divertimento matinal (decorria nesse dia o encerramento do mítico táfechado!, fechou mesmo pelos vistos)

- Verificar que não estão ali a fazer nada e tentar ir comprar tabaco novamente

- De caminho, comprar a famosa McBeer no McDonalds da Av. D. Carlos I

- Sentarem-se num banco ao sol, conversando sobre a vida, a noite, o dia, a tarde, a arte, as relações, as introspecções, os desafios e as incongruências de tudo e mais alguma coisa

- Ir para casa (cada um para a sua)

Para terminar, de referir a nossa preocupação com o último ponto referido neste tour, isto é, foi cada um para sua casa. Estaremos a observar uma inflexão no comportamento do Almirante Cascavel? Não percam a próxima aventura, a coisa promete.

PS: Para não variar, Lisboa vai de novo abaixo este fim-de-semana, a saber: já amanhã no Lux, Maya Jane Coles. Sexta-Feira, os ravers que se desdobrem, Sven Vath no Lux e Dubfire no Ministerium.

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Thursday, April 3, 2014

Aniversário Bloop - Gare Porto



Adivinha-se uma noite complicada. Há algum tempo que o Almirante Cascavel não se deslocava à antiga, mui nobre, sempre leal e invicta, Cidade do Porto. A logística agregada ao evento também prometia: party people dentro de um autocarro numa viagem de quatro horas. O Almirante Cascavel não sabia bem se havia de ficar mais preocupado com a viagem de ida ou com a de volta. Iniciada a viagem, os ravers de serviço – e de forma imediata – simularam o ambiente de um clube dentro do autocarro: na parte mais próxima do motorista, existia uma pista de chill out mas virada para a conversa amena (estilo copo de princípio de noite no Cais do Sodré) e na parte mais distante, clubbing à séria. 

A julgar pelos insistentes pedidos para o AC ser ligado, julgo que se inaugurou nesta viagem, um novo conceito: The Boiler Bus. Corridas as cortinas, as semelhanças com um Boiler Room são significativas. Sem entrar em pormenores e de forma a se darem conta da intensidade do Boiler Bus, um conhecido conviva, com um nickname de natureza literária, quando chegou ao destino, dançou como se fosse passagem de ano (o conviva em questão é conhecido por ter um perfil mais reservado em matéria de linguagem corporal).

O Gare então. A memória atraiçoava o Almirante Cascavel, mas assim que viu a rua que conduzia ao mítico espaço, lembrou-se de uma longínqua noite que tinha terminado em amena cavaqueira com maníacos do techno da Europa central, que visitavam a cidade na altura. O túnel, como amavelmente lhe chamam os seus habituais visitantes, tem de facto, uma aura qualquer, que os clubes mais recentes não têm. Remete para outro tempo, outra altura, outro grito, outro passo. 

Divagações à parte, a festa foi intensa. Por motivos de força maior, não podemos incluir aqui todos os pitorescos detalhes que a compuseram, realçando-se então:

- a qualidade da fauna em termos gerais (cabine do DJ e respectivas assistentes incluídas)
- a arquitectura do espaço (até hoje, questionamo-nos se o chão é ou não a descer)
- a insistente tendência para os clubbers locais se posicionarem no lado direito da pista perto da coluna (no Lux é a mesma coisa)
- o labiríntico backstage e respectivas conversações de natureza cósmica
- independentemente da zona do país, um WC de uma festa de música electrónica, será sempre um WC de uma festa de música electrónica

No regresso, conforme a previsão do Almirante Cascavel, outro conceito se inaugurou: o After Bus. De salientar a paciência estóica do condutor: música de baile o caminho todo, várias paragens para mudar o óleo à transmissão, entre outras peripécias que fizeram parte desta incomensuravelmente e excitante viagem, uma experiência a repetir.

PS: Lisboa vai de novo abaixo este fim-de-semana! A saber, Gui Boratto hoje no Lux, Surgeon no Ministerium amanhã e no sábado comemoram-se no Zero, as 41 bolachas do cardeal patriarca do techno em Portugal, the one and only, DJ Jiggy!

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