Adivinha-se uma noite complicada. Há algum tempo que o
Almirante Cascavel não se deslocava à antiga, mui nobre, sempre leal e invicta,
Cidade do Porto. A logística agregada ao evento também prometia: party people
dentro de um autocarro numa viagem de quatro horas. O Almirante Cascavel não
sabia bem se havia de ficar mais preocupado com a viagem de ida ou com
a de volta. Iniciada a viagem, os ravers de serviço – e de forma imediata –
simularam o ambiente de um clube dentro do autocarro: na parte mais próxima do
motorista, existia uma pista de chill out mas virada para a conversa amena
(estilo copo de princípio de noite no Cais do Sodré) e na parte mais distante,
clubbing à séria.
A julgar pelos insistentes pedidos para o AC ser ligado,
julgo que se inaugurou nesta viagem, um novo conceito: The Boiler Bus. Corridas
as cortinas, as semelhanças com um Boiler Room são significativas. Sem entrar
em pormenores e de forma a se darem conta da intensidade do Boiler Bus, um
conhecido conviva, com um nickname de natureza literária, quando chegou ao destino,
dançou como se fosse passagem de ano (o conviva em questão é conhecido por ter
um perfil mais reservado em matéria de linguagem corporal).
O Gare então. A memória atraiçoava o Almirante Cascavel, mas
assim que viu a rua que conduzia ao mítico espaço, lembrou-se de uma longínqua
noite que tinha terminado em amena cavaqueira com maníacos do techno da Europa
central, que visitavam a cidade na altura. O túnel, como amavelmente lhe chamam
os seus habituais visitantes, tem de facto, uma aura qualquer, que os clubes
mais recentes não têm. Remete para outro tempo, outra altura, outro grito,
outro passo.
Divagações à parte, a festa foi intensa. Por motivos de força
maior, não podemos incluir aqui todos os pitorescos detalhes que a compuseram,
realçando-se então:
- a qualidade da fauna em termos gerais (cabine do DJ e
respectivas assistentes incluídas)
- a arquitectura do espaço (até hoje, questionamo-nos se o
chão é ou não a descer)
- a insistente tendência para os clubbers locais se
posicionarem no lado direito da pista perto da coluna (no Lux é a mesma coisa)
- o labiríntico backstage e respectivas conversações de
natureza cósmica
- independentemente da zona do país, um WC de uma festa de música
electrónica, será sempre um WC de uma festa de música electrónica
No regresso, conforme a previsão do Almirante Cascavel, outro
conceito se inaugurou: o After Bus. De salientar a paciência estóica do
condutor: música de baile o caminho todo, várias paragens para mudar o óleo à
transmissão, entre outras peripécias que fizeram parte desta
incomensuravelmente e excitante viagem, uma experiência a repetir.
PS: Lisboa vai de novo abaixo este fim-de-semana! A saber, Gui Boratto hoje no Lux, Surgeon no Ministerium amanhã e no sábado comemoram-se no Zero, as 41
bolachas do cardeal patriarca do techno em Portugal, the one and only, DJ
Jiggy!
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muito BOM!
ReplyDeleteBjinho Mafalda! :)
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