Tuesday, November 12, 2013

Neopop 2013

Se bem se recordam, o material promocional alusivo ao festival em epígrafe, incluia sangue. Muito sangue. Os nossos ilustres heróis, em concreto, o Iglesias do Techno e o Almirante Cascavel, tentaram por tudo, incorporar esse espírito algo agressivo que o festival incutia e como vão ver de seguida, não fizeram a coisa por menos.

De manhã começa o dia, diz o ditado. Pois bem, no caso deles começou de noite. Não se entusiasmem, porque no que diz respeito à noite propriamente dita, não existiram altercações significativas. Mas quando o sol despontou, meus amigos, ambas as personagens começaram, literalmente, a dar cartas. Terminada a primeira noite, o Almirante Cascavel lembrou-se de repente que tinha um compromisso de natureza bancária. Primeiro assustou-se, porque tinha mesmo que assinar aqueles papéis, depois acalmou-se assim que conseguiu começar a raciocinar: "Ora bem.. são nove da manhã, hoje é sexta-feira, de certeza que há uma sucursal do meu banco aqui, é só explicar a situação e resolvo o stress na hora. Tá limpo." E limpo ficaria efectivamente, mas com algumas particularidades. À chegada ao balcão da tal sucursal bancária e devido ao facto do piso referente ao festival Neopop ser em terra batida (nem podia ter outro nome a terra deste festival), o Almirante Cascavel apresentava-se com uma indumentária pouco recomendável para o efeito, ainda assim, a urgência justificava tal acto. Bom dia, disse então o Almirante Cascavel, perante um funcionário um pouco assoberbado com tal episódio. Explicada a situação, surge o primeiro problema: o nome da agência de onde eram suposto virem os tais papéis para assinar. Forca, era o nome da sucursal de origem, o que causou alguma perplexidade ao funcionário. Contudo, lá se confirmou a informação e a agência chamava-se mesmo Forca. Trinta minutos volvidos e perante um Almirante já impaciente, lá foram os papéis assinados e a missão bancária cumprida. 

Com a brincadeira, já eram quase dez da manhã. Lembra-se de repente o Almirante Cascavel: "Espera lá, mas havia um after não sei aonde." Qual Dom Sebastião a sair do nevoeiro, aparece o Iglesias do Techno dentro de um táxi de nove lugares. "Entra Almirante.. vamos para o after." O Almirante entrou e ficou um pouco preocupado. O Iglesias do Techno ia no lugar da frente do táxi. Apesar de todas as qualidades que distinguem esta lenda das pistas de dança, temos que fazer aqui uma confissão: o sentido de orientação do Iglesias do Techno é idêntico à de uma toupeira cega. Mais preocupado ficou ainda o Almirante Cascavel, quando verificou que em primeiro lugar, de todas as pessoas presentes no táxi, ninguém sabia onde ficava o after e em segundo lugar que o Iglesias do Techno decidiu ir a falar com o taxista sobre a tabela de preços praticada por DJ's de topo. Soube assim, aquele velho taxista de Viana do Castelo que o Dubfire em princípio, era homem para cobrar quinze milenas e o Richie Hawtin umas quarenta à vontade. Causou algum espanto ao taxista, apesar do senhor não fazer ideia de quem se tratavam. 

Uma hora e dezassete telefonemas depois, conseguiram chegar ao after. As preocupações do Almirante atingiam agora, proporções maiores. Havia uma piscina no after. O Iglesias do Techno, perante o sol abrasador de Viana do Castelo em Agosto, não fez a coisa por menos e equipado com três pranchas de bodyboard, duas bóias (sendo que uma era daquelas tipo patinho) e três pares de braçadeiras, deu um autêntico espectáculo, qual atleta olímpico da categoria. Fique aqui registado, que do material aquático atrás descrito, só sobrou inteira, uma bóia.

Terminado o espetáculo, decidiram ir descansar. Mas houve alguém que decidiu, "beber mais um copo". O Almirante Cascavel. Só para situar o leitor, neste momento da história, rondam as três da tarde em Viana do Castelo. Mais dois dedos de conversa e angariada uma boleia de volta para Viana, o Almirante Cascavel foi largado na avenida principal. Comeu um hamburguer, bebeu uma Coca-Cola e dirigiu-se para o hotel. No caminho, duas jovens espanholas pedem-lhe lume. Convidam-no para se sentar no colchão insuflável em que se sentavam. Falaram um pouco sobre Portugal, sobre a vida e sobre o festival. Apertado com o calor, decidiu o Almirante seguir viagem. Deu três passos e pensou: "Vou-lhes fazer mais um pouco de companhia. Não são de cá, até parece mal." E assim ficou o Almirante Cascavel e duas espanholas em amena cavaqueira. Situando de novo o leitor, por esta altura são já cinco da tarde em Viana do Castelo. Era tempo de ir ao hotel. 

No seu relaxamento habitual, o Almirante Cascavel não tinha reservado qualquer quarto. Chegado à recepção, verifica que o Iglesias do Techno, que tinha previamente reservado um quarto, estava ainda à espera que lhe fosse atribuido um. "Ainda não estás a dormir?" pergunta o Almirante em tom de riso e já com a chave de um quarto na mão. "Estes gajos são uns atrasados, trata-me lá dessa merda." Subiram os dois no elevador até um andar ao calhas, perguntaram a uma menina que fazia camas o número de um quarto que estivesse vago, voltaram à recepção e informaram os quatro inúteis funcionários que o quarto 121 estaria pronto para ser ocupado. A muito custo, o Iglesias do Techno lá recebeu a sua chave e foi descansar. 

Terminamos esta história informando o leitor finalmente, que por esta altura, eram seis da tarde em Viana do Castelo.

NOTA: História baseada em factos verídicos :)

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