Saturday, September 24, 2016

GRANDE ENTREVISTA - Dr. Pastilha e Sá analisa o estado da scene



António de Pastilha e Sá (APS), o nosso especialista em assuntos relacionados com música electrónica, a propósito da chegada da página Beaten by Cables (BBC) aos 1000 likes aceitou dar-nos uma entrevista exclusiva, onde fala sobre o actual estado da scene, o seu percurso e um vislumbre daquilo que poderá ser o futuro do beat.

BBC - Obrigado desde já pelo seu tempo, gostava de começar por lhe perguntar se dormiu hoje?

APS - Claro que não. Estou desde quinta, basicamente. Fui ver Shifted ao Lux.

BBC - Como é que foi a noite?

APS - Fantástica. Quinta é o único dia do Lux em que se consegue dançar. Como sabe, tenho skills de dança acima da média. E aquele miúdo, o Vil, promete.

BBC - Quer desenvolver?

APS - Por algum motivo, chama-se também dance music. Serve para as pessoas dançarem. No entanto e ao longo dos anos, vejo que muita gente sai à noite para ver se encontra o one night stand da sua vida ou simplesmente para tomar drogas e ficar a contar histórias intermináveis enquanto os outros tentam dançar.

BBC - Qual é a sua opinião sobre o estado da scene?

APS -  De uma forma geral, positiva. Temos em Portugal, clubes com capacidade e experiência para receber grandes nomes e festivais que também vão ao encontro dessa perspectiva. Por outro lado, temos muitos eventos de merda. Muitos, mesmo a sério.

BBC - Consegue dar um exemplo?

APS - Fácil. Há duas semanas fui a evento que me foi 'vendido' como a próxima cena. Line up underground, num local underground, com pessoal underground e até as bebidas eram underground. Resumiu-se a quatro patéticas horas, em que os penteados das pessoas presentes eram mais originais que a música que ouvi.

BBC - Qual é a sua opinião sobre a actividade de DJ?

APS - Ao longo dos anos e com o fácil acesso à tecnologia que permite a qualquer um se intitular de DJ, a profissão acabou por se prostituir de certa forma. Para isso contribuem os DJ's que aceitam tocar por tuta e meia mas também os promotores de eventos que parecem saídos de uma antiga loja dos 300. O mercado acaba por fazer sobressair os melhores, mas claramente, existem DJ's a mais. Mal comparado, faz-me lembrar a história da colocação dos professores em cada inicio de ano lectivo.

BBC - Sobre os festivais, qual é a direcção que a coisa leva?

APS - Excelente, parece-me. Tive oportunidade de visitar os principais festivais em Portugal este verão e claramente, fiquei positivamente surpreendido. Bons line ups, bom ambiente. Há uma área que deve rapidamente ser corrigida sob o risco de sermos considerados um país de terceiro mundo.

BBC - Qual?

APS - Os WC's. Nem nas prisões, caralho.

BBC - Peço-lhe que modere o vernáculo..

APS - Não durmo há dois dias, qual vernáculo, qual quê.

BBC - Muito bem, sobre o futuro da scene, o que é que consegue antever?

APS - A julgar pelo industrial número de sets que ouço de fraca qualidade, parece-me relativamente seguro dizer, que a robótica conseguirá facilmente substituir a maior parte dos DJ's.

BBC - E como é que conseguimos evitar isso?

APS - Esquece.

Foi a entrevista possível.

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