Thursday, September 15, 2016

LISB_ON + Vértice + Brunch Electronik



Num fim de semana em que o crescimento do consumo interno disparou em quase 40% devido a todas as festas que tiveram lugar na sumptuosa Lisboa, Almirante de Pedrouços tinha uma missão: fazer saber aos seus estimados leitores o que de relevante se passou em cada efeméride.

Vamos a isso então!

LISB_ON JARDIM SONORO

Resolvidas todas as questões de natureza logística que a edição anterior tinha proporcionado aos visitantes, o LISB_ON deste ano contou com uma entrada fácil, pedidos de bebida e carregamento de cartões fantásticos, WC's sem grandes movimentações a registar e uma espectacularidade simbiótica a nível de palco, luz, volume e qualidade de som.

Do ponto de vista musical, a registar com grande fulgor e vivacidade as prestações de Herbert, Dixon, DJ Harvey, Tale of Us (que terá perdido o 'Us' pelo caminho, só actuou um cavalheiro) e ainda Jungle! Não que os outros não tenham sido bons, mas isto quer é batida.

No que à fauna e flora remete, um assoberbado leque de cores, recheios e paladares inundou o Parque Eduardo VII. Desde o beto rebelde que consome qualquer coisita, passando pelo raver original que já desceu uns BPM's na conta, o simples transeunte que olhou para a bilheteira e disse "35€? Deve ser bom, siga", e a vazia cabeça amadeixada que consegue exprimir um sorriso e pouco mais, o LISB_ON recebeu e convenceu todas estas singularidades.

De sublinhar que ainda assim, de uma forma geral, o hipster - ou algo disso aproximado - prevaleceu mais uma vez neste jardim sonoro. Essa grande referência hipnótico-temporal da nossa sociedade, apresentou-se em massiva escala neste festival, exibindo os seus raríssimos e finos despenteados, as suas loucas e distantes camisetas, o seu indistinto e louvável gosto por barbas e bigodes psicadélicos e ainda - mas não só - a sua dúbia e sempre peculiar, orientação genital.. musical, desculpem.

Almirante encetou conversa com um destes elementos, tentando perceber aquilo que motiva o hipster na sua busca infinita pelo beat desconhecido, pela estrofe nunca antes proferida.

Ulisses - não sabemos se é o nome verdadeiro ou inventado a propósito da personagem que vive no seu corpo - tentou esclarecer Almirante sobre a matéria:

"É mais do que um estilo de vida. Quer dizer, desculpa, não posso começar assim, porque toda a gente diz isto na TV. Não é só vir a um festival mais alternativo, deixar crescer a barba até se confundir com pêlos púbicos, comprar uns óculos dos anos 60 e usá-los em dias de chuva ou decorar duas ou três frases sem sentido para despejar junto de alguém que já não te pode ouvir, porque não tem o mínimo interesse no que tens para dizer (e porque o que dizes, de facto, não é interessante). É uma procura permanente sobre aquilo que é viver o teu dia-a-dia de uma forma diferente. Mesmo diferente. É o ir para a esquerda só porque sim, mesmo que não aches muita piada e que a volta seja maior. É comer pratos que não enchem um cú, mas porra, quase ninguém comeu aquele prato. É esse sentido de quase exclusividade que tem o seu apogeu quando encontras algo que nunca ninguém ouviu. Algo que nunca ninguém comeu. Algo que nunca ninguém vestiu. É indefectivelmente, orgásmico."

Vemo-nos para o ano? Parece que sim :)



VERTICE

Lisboa recebia também no singelo e antigo Mercado da Ribeira, os eventos 04 e 05 da Vértice, a produtora de eventos de techno da qual se fala. Na primeira noite, Enko deu início às festividades, Sinfol optou por uma viagem mais conceptual, alinhada de resto com a primeira noite do Lisb_on, terminando A Fragrância do Norte em grande estilo e como é de resto seu apanágio.

Nesta primeira noite e tendo em conta a velocidade a que vou debitando textos no blogue, decidi nomear como meu 'chief inspector', o Pirata d'Alcagoitas. Tendo em conta o seu novo cargo, o nick no blog passa a ser Pirata de Campo, pois como todos sabemos, este é um pirata que tem medo de água.

Todavia, tudo se guardava para a segunda noite. Afinal de contas, iniciava-se também, o aniversário da nossa Princesa Africana!

Começou a segunda Vértice do fim de semana com um set irrepreensível de Tesudo, mostrando a todos que em Portugal também se faz techno de excelente qualidade e que não é preciso ir muito longe para encontrar produtores que escolhem o caminho menos fácil. Retenham assim o nome verdadeiro e fiquem a conhecer o Temudo.  

De seguida, um nome não muito conhecido da nossa vizinha Espanha, mas que encheu as medidas de todos e não deixou em mãos alheias a responsabilidade da noite: Kwartz. Foram três horas de uma qualidade estonteante, onde não houve uma única música ou um breve momento que se pudessem apontar como menos bons. Selecção musical, pormenores técnicos, a forma como soube ligar-se à pista ou o à vontade com que se passeou entre o techno mais físico e aquele mais mental, deixaram Kwartz levar de volta para Madrid - até à data - o melhor set ao qual a Vértice já assistiu.

Por último, a prata da casa, V i L que ficou encarregue de fechar o tasco. Tendo em conta a relação de proximidade entre a minha pessoa e o DJ em questão sou sempre suspeito para falar. Deixo-vos com este imparcial dado: pela última vez que olhei para o relógio, faltavam uns trinta minutos para terminar a festa e essa grande referência do techno senegalês, Caixa de Velocidades, aborda-me e diz: "Este pessoal está preparado para ficar aqui a levar pancada até ao meio dia."

Nesta memorável noite, houve tempo ainda para registar os seguintes episódios:

- Sony di Vaio no dia anterior (sexta, portanto) havia publicado no seu Facebook o seguinte dizer: "When you wake up after a long night of drinking and still have your phone, ID and credit card" Sábado entrou na Vértice com o seu fato Hugo Boss, mais tarde a carteira foi encontrada nos Perdidos e Achados. True story.

- A Pivot do Cartaxo, habituada às lides televisivas, quando foi assaltada por uma súbita indisposição decidiu recatar-se um pouco, pois segundo a mesma, "não estava em condições de interagir com o público"; terá sido encontrada atrás de uma cortina, recuperando lentamente do seu breve estado de espírito

- A Puma dos 7 Afters apresentou-se com um vestido de gala digno de registo, mas que pela manhã, foi confundido com um salmão e que por pouco - não fosse a intervenção dos amigos - não foi colocada à venda no Mercado

- Loverdose teve uma breve experiência na área do bengaleiro que lhe valeu um título internacional, a saber, Samurai dos Cabides

Ainda estão aí? Óptimo.



BRUNCH ELECKTRONIC

Domingo, finalmente!

Depois de um merecido mas não suficiente descanso, era tempo de ir celebrar as 21 primaveras da Princesa Africana. O local escolhido foi a Tapada da Ajuda onde o penúltimo Brunch tinha lugar e que esperava naquele dia por Maceo Plex. Tenho que ser sincero, Maceió Plex (sim, foi de propósito, não foi o corrector automático) não é rapaz que me convença. Zigue a zague a mais e fruta a menos.

A surpresa foi sim, um nome menos conhecido, Shall Ocin, que em pouco tempo e devido ao entusiasmo com que brindou a pista, passou a Shaolin. Este verdadeiro monge do progressive, de tímido pouco teve e soube empolgar um Brunch que naquele quente domingo, bateu o seu recorde de afluência.

Por sua vez, a Princesa Africana, pouco dada a estas sonoridades, decidiu criar a sua própria playlist, solicitando infinitos jarros de caipirinha. Terminou a noite no Ministerium pelo que percebi, cantando, "Você pensa que cachaça é água.. mas cachaça não é agua não.."

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